O índice de insatisfação com a qualidade e o atendimento à saúde é maior no Brasil do que na média da América Latina, aponta um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta quinta-feira (14). Enquanto o índice de satisfação com a saúde do país foi de 44%, em média 57% da população da América Latina demonstrou aprovar o serviço, número maior do que o brasileiro.
 
Os dados, contabilizados pelo Instituto Gallup em vários países do mundo, foram coletados entre 2007 e 2009 e são os mais atuais disponíveis, de acordo com o relatório da ONU. Os indivíduos entrevistados responderam a perguntas como: “Em seu país, você confia nos hospitais e no sistema de saúde oferecido?”.
 
O Brasil ficou na 108ª posição em satisfação com seu sistema de saúde, em comparação com 126 países de todo o mundo, analisados pelo Relatório de Desenvolvimento Humano 2013. O índice de aprovação brasileiro também é menor do que a média mundial, de 61%.
 
Nenhum país da América Latina teve índice de satisfação tão baixo quanto o Brasil – a exceção é o Haiti, em que só 35% da população disse aprovar o sistema de saúde. Países como Uruguai (77% de aprovação), Venezuela (75%), México (69%) e Bolívia (59%) consideraram os próprios serviços de saúde melhores do que a população brasileira.
 
O Brasil perde em satisfação com a saúde também para países como Afeganistão (46% de aprovação), Serra Leoa (46%), Camarões (54%) e Senegal (57%). O líder do ranking é Luxemburgo, pequeno país europeu em que 90% da população disse aprovar os próprios serviços de saúde.
 
O Brasil, por outro lado, é apontado como um dos países que universalizou a vacinação (99% das crianças com um ano receberam ao menos uma dose da vacina contra a rubéola em 2010, por exemplo).
 
Para a ONU, uma das principais causas do empobrecimento em muitos países é a falta de acesso a tratamentos de saúde de qualidade, sejam gratuitos ou não. “Um serviço de saúde ruim, especialmente ao atender o chefe da família, é uma das grandes causas da pobreza, pois compromete a fonte de renda familiar e gera gastos com atendimento particular”, diz o relatório.
 
O Brasil é destaque no relatório pela atuação do movimento sanitarista realizado por profissionais da saúde. Segundo a ONU, os profissionais “desempenham um papel central no desenvolvimento do sistema público de saúde [SUS] do país”.